No projeto Acolher & Despertar, o eixo central não são palestras, e sim as Colmeias, ou rodas de discussão. Veremos aqui como as Colmeias funcionam e como esta proposta se desenvolveu.
Antes de uma nova tarefa entrar em funcionamento junto ao público, o Tarefeiros do Bem realiza encontros de capacitação com a equipe de trabalhadores. Esta capacitação pode levar 6, 10, 12 meses ou mais, dependendo da capacidade dos componentes do grupo, sabedores que o amadurecimento de todos vai ocorrer ao longo do trabalho doutrinário propriamente dito.
No caso do projeto Acolher & Despertar, a capacitação iniciou-se em fevereiro de 2016, com uma equipe de 20 membros e estendeu-se por 13 meses. A metodologia de trabalho, que incluiu a preparação do material de leitura, a estruturação das atividades e o teste prático de diversas técnicas de construção de conhecimento em grupo, seguiu a sempre atual orientação de Pestalozzi, no sentido do aprender-fazendo. O objetivo era preparar o grupo para receber – e acolher – os necessitados da alma.
Evitando a erudição
Em cada sábado de manhã, cada colmeia, ou círculo de conversa, tem um tema doutrinário a ser focalizado. Os temas doutrinários desenvolvidos são produto do trabalho de pesquisa da equipe e estão apostilados para uso dos coordenadores.
As reuniões se iniciam com uma prece e uma pequena apresentação com a presença de todos os participantes. Encerrada a etapa introdutória, o público se espalha por diversas salas e iniciam-se as atividades das Colmeias, que ajudam o participante a compreender e trazer para sua realidade o assunto focalizado pelas obras básicas do Espiritismo e obras subsidiarias respeitáveis.
Como funcionam as Colmeias
Não se trata de um ESDE (Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita) e muito menos de uma palestra, onde o que sabe mais ensina ao que sabe menos. Não. A proposta dos focalizadores é trazer o tema doutrinário para a vida cotidiana dos presentes. Em outras palavras: o tema do dia é tratado nas Colmeias como uma conversa em grupo, na qual os focalizadores provocam os demais participantes com questões que agem como gatilhos, promovendo discussões acesas e experienciais sobre a importância do temário doutrinário na vida dos que estão na roda de conversa.
Trata-se, portanto, de um modo peculiar (e muito comum nas atividades doutrinárias do Centro Espírita Tarefeiros do Bem) de trazer o tema doutrinário da teoria para a prática, analisando-o com rigoroso critério e refletindo sobre a sua aplicabilidade na vida cotidiano.
Em linguagem bem mais simples, o focalizador lança a seguinte proposta pedagógica ao grupo:
“Como você coloca este conceito doutrinário em sua vida, de tal modo que ele possa auxiliá-lo a evoluir, enquanto Espírito Imortal, no processo reencarnatório?”
De onde tiramos a proposta das Colmeias? Há diversos fundamentos doutrinários na própria obra de Kardec. Um exemplo evidente é a questão 350 d’O Livro dos Médiuns, onde o codificador alerta-nos quanto a necessidade de trazermos o conceito espírita do cérebro para a vida relacional quando inquire-nos, veementemente:
Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele que a tem se torne melhor, mais benigno e indulgente para com os seus semelhantes, mais humilde e paciente na adversidade? De que serve ao avarento ser espírita, se continua avarento, ao orgulhoso, se conservar-se sempre cheio de si, ao invejoso, se permanece dominado pela inveja? Assim, poderiam todos os homens acreditar nas manifestações dos Espíritos e a Humanidade ficar estacionada. Tais, porém, não são os desígnios de Deus. Para o objetivo providencial, portanto, é que devem tender todas as sociedades espíritas sérias, grupando todos os que se achem animados dos mesmos sentimentos.
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